Grupos Cibercriminosos Russos e Suas Operações Contra Instituições Ocidentais: O Que Sabemos Até Agora

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4/12/20254 min read

A guerra cibernética não é mais um conceito futurista — ela já acontece todos os dias, em um campo de batalha invisível onde governos, empresas e cibercriminosos disputam informações, influência e controle. Nos últimos anos, grupos cibercriminosos ligados à Rússia ganharam destaque pela sofisticação e ousadia de seus ataques, mirando desde sistemas de infraestrutura crítica até campanhas de desinformação política.

Neste artigo, vamos entender:

  • Quem são os principais grupos cibercriminosos ligados à Rússia;

  • Como eles operam;

  • Quais ataques já foram realizados contra o Ocidente;

  • Quais estratégias de defesa têm sido eficazes.

1. O papel do cibercrime nas estratégias geopolíticas russas

Desde a década de 2000, a Rússia tem sido apontada como um dos principais protagonistas em operações cibernéticas de Estado. Mais do que apenas espionagem, os ataques atribuídos a hackers russos incluem:

  • Sabotagem de infraestruturas;

  • Roubo de dados estratégicos;

  • Campanhas de desinformação digital.

Organizações como o GRU (serviço de inteligência militar russo) e o FSB (serviço de segurança federal) são frequentemente apontadas como responsáveis por coordenar ou permitir a ação de grupos criminosos altamente organizados, que funcionam como braços informais do governo russo.

2. Principais grupos cibercriminosos russos
APT28 (Fancy Bear)
  • Ligado ao GRU.

  • Conhecido por campanhas de espionagem política.

  • Alvo frequente: governos da OTAN, mídia e campanhas eleitorais.

  • Ataque notório: invasão ao Comitê Nacional Democrata dos EUA em 2016.

APT29 (Cozy Bear)
  • Associado ao FSB.

  • Especializado em ataques discretos e persistentes (APT).

  • Foco em instituições governamentais e think tanks.

  • Envolvido na campanha contra as vacinas contra COVID-19 em países ocidentais.

Sandworm
  • Unidade militar especializada do GRU.

  • Histórico de ataques destrutivos, como o NotPetya em 2017.

  • Também responsável por ataques contra redes elétricas na Ucrânia.

Wizard Spider (Conti/Ryuk)
  • Mistura de interesses financeiros e políticos.

  • Conduziu ataques de ransomware de alto impacto (como o contra o sistema de saúde da Irlanda).

  • Apoio declarado à Rússia na guerra contra a Ucrânia.

3. Casos reais de ataques a instituições ocidentais
Ataque ao Comitê Nacional Democrata (2016)

O grupo APT28 foi responsável pelo ataque que expôs e-mails internos do Partido Democrata, influenciando diretamente as eleições norte-americanas. A operação envolveu phishing, backdoors e extração coordenada de dados.

NotPetya (2017)

Inicialmente disfarçado como ransomware, o NotPetya foi um ataque destrutivo que causou bilhões em prejuízo a empresas como Maersk e Merck. A autoria foi atribuída ao Sandworm.

Ataque à Viasat (2022)

Na véspera da invasão russa à Ucrânia, hackers comprometeram os modems da operadora de satélites Viasat, derrubando comunicações militares e civis. Segundo a CERT-FR, o ataque visou desestabilizar as forças ucranianas no início do conflito.

Invasões a redes governamentais nos EUA e Europa

Vários grupos russos têm realizado campanhas contínuas contra:

  • Ministérios da Defesa e Relações Exteriores;

  • Infraestruturas críticas (como energia e telecomunicações);

  • Plataformas de saúde e transporte.

4. Como esses grupos operam: modus operandi

Os ataques geralmente seguem uma estrutura sofisticada e escalonada:

  1. Reconhecimento

    • Monitoramento de alvos com ferramentas automatizadas;

    • Coleta de dados em fontes públicas e redes sociais.

  2. Engenharia social

    • Uso de IA generativa para criar e-mails altamente convincentes;

    • Exploração de temas sensíveis e urgentes para enganar os usuários.

  3. Acesso inicial

    • Exploração de vulnerabilidades em servidores e dispositivos IoT;

    • Phishing direcionado (spear phishing) com anexos ou links maliciosos.

  4. Movimentação lateral e persistência

    • Instalação de backdoors;

    • Acesso a credenciais e elevação de privilégios.

  5. Extração ou destruição de dados

    • Exfiltração de informações sensíveis;

    • Execução de ransomware ou wipers.

5. Como se proteger dessas ameaças?

Embora muitos desses ataques visem governos e grandes empresas, qualquer organização — inclusive pequenas e médias — pode ser alvo. Aqui estão algumas medidas essenciais:

  • Atualização constante de sistemas e softwares.

  • Autenticação multifator (MFA) para todos os acessos.

  • Monitoramento de tráfego de rede em tempo real.

  • Backups regulares e protegidos contra ransomware.

  • Capacitação dos funcionários em cibersegurança.

6. O cenário brasileiro

O Brasil também já foi alvo de ações suspeitas de grupos russos. Em 2020, segundo relatório da Recorded Future, campanhas de espionagem atribuídas ao grupo APT28 foram detectadas visando órgãos públicos e instituições diplomáticas brasileiras.

Além disso, instituições financeiras e universidades têm sido alvo de campanhas de phishing e ransomware com padrões semelhantes aos dos grupos russos.

Conclusão

Os grupos cibercriminosos russos operam em uma zona cinzenta entre o crime organizado e a espionagem estatal, com ataques que desafiam as estruturas de segurança de países inteiros. Estar informado sobre esses atores e entender seus métodos é o primeiro passo para uma defesa mais eficaz — tanto no nível institucional quanto individual.

Referências