A importância da Governança Cibernética para Pequenas e Médias Empresas (PMEs)

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Ricardo Gonçalves

4/27/20254 min read

Nos últimos anos, as pequenas e médias empresas (PMEs) brasileiras se tornaram alvos frequentes de ataques cibernéticos. Segundo a Lumiun, em 2023, as PMEs enfrentaram mais de 192 milhões de tentativas de ataques cibernéticos, o que representa uma média de 365 ataques por minuto. Esse cenário preocupante reforça a necessidade urgente de investir em governança cibernética, um componente crucial na proteção dos ativos digitais e no fortalecimento da infraestrutura de TI das empresas.

O cenário de vulnerabilidades para as PMEs

Estudos apontam que as PMEs representam cerca de 62% dos alvos de ataques cibernéticos, conforme levantamento da IBM Security, que também revela que muitas dessas empresas não possuem a estrutura necessária para se proteger adequadamente. Essa falta de preparação se deve principalmente à escassez de recursos e à falta de conscientização sobre os riscos digitais. Além disso, uma pesquisa recente da Fecomercio indica que 46% dos ataques cibernéticos no Brasil afetam diretamente as PMEs, evidenciando a vulnerabilidade desse segmento, que muitas vezes é negligenciado pelas políticas públicas de segurança.

Além de estarem mais suscetíveis, muitas empresas não têm políticas de segurança bem estabelecidas. A "Cartilha de Cibersegurança – Um Guia Rápido para Micro e Pequenas Empresas", lançada pela Brasscom, aponta que apenas 37% das pequenas empresas no Brasil têm políticas claras de segurança da informação implementadas. Esse número alarmante evidencia que as PMEs não estão priorizando a proteção de seus dados e informações, o que aumenta ainda mais os riscos de sofrerem ataques que podem comprometer não só a segurança, mas também a continuidade dos negócios.

Como a governança cibernética pode ajudar?

A governança cibernética é o conjunto de práticas, políticas e controles estabelecidos para garantir a proteção dos dados e a mitigação de riscos cibernéticos dentro de uma organização. Para as PMEs, a implementação de um modelo de governança eficaz não precisa ser algo complexo ou dispendioso. Simples ações, como a adoção de autenticação multifatorial, a atualização constante de sistemas e o treinamento de equipes, podem reduzir significativamente o risco de invasões.

A Estratégia Nacional de Cibersegurança (E-Ciber), recentemente revisada, trouxe foco para a proteção das PMEs e microempresas, com a inclusão de ações específicas para fortalecer a governança digital nesse segmento. Esse movimento visa criar um ambiente mais seguro e menos vulnerável, principalmente para empresas que, por limitações financeiras ou de conhecimento, não têm recursos para implementar medidas de segurança cibernética de forma adequada.

Impactos econômicos e operacionais dos ataques

Os efeitos econômicos de um ataque cibernético podem ser devastadores para uma PME. Estima-se que os crimes cibernéticos causam uma perda de até 18% no PIB nacional, segundo dados da Amcham. As empresas que são vítimas desses ataques frequentemente enfrentam interrupções nas operações, perda de dados valiosos e danos à reputação, o que pode resultar em uma queda significativa no número de clientes e na perda de receita.

Além disso, os custos relacionados ao roubo de dados podem ser ainda mais prejudiciais. Um estudo apontou que um ataque cibernético pode gerar a perda de até 34 empregos em uma PME, além de comprometer sua estabilidade financeira e reputação no mercado. Portanto, a adoção de boas práticas de governança cibernética é fundamental para minimizar esses riscos e garantir a continuidade das operações.

Práticas de segurança para PMEs

Embora a segurança digital ainda seja um desafio para muitas PMEs, existem diversas práticas simples que podem ser adotadas para melhorar a proteção contra ataques. A Microsoft, em colaboração com a CISA e a NCA, publicou sete dicas de cibersegurança que são essenciais para pequenas empresas, entre elas: garantir o uso de senhas fortes, implementar autenticação multifatorial, manter os sistemas sempre atualizados e realizar backups regulares.

Além disso, é essencial que as empresas adotem restrições claras de acesso à internet, como bloquear sites potencialmente perigosos e restringir o uso de dispositivos pessoais na rede corporativa. A implementação de políticas de segurança cibernética claras e a capacitação dos funcionários para identificar ameaças também são passos fundamentais para a prevenção de incidentes.

Conclusão

As pequenas e médias empresas no Brasil enfrentam desafios significativos no que diz respeito à segurança cibernética. A falta de recursos, aliada à crescente sofisticação dos ataques, torna essas empresas alvos fáceis para cibercriminosos. No entanto, a governança cibernética é uma ferramenta essencial para proteger os dados, melhorar a resiliência e garantir a continuidade dos negócios. Investir em medidas simples, mas eficazes, de segurança pode fazer toda a diferença na proteção das PMEs, permitindo que elas prosperem em um ambiente digital cada vez mais complexo e ameaçado.

Referências: